Educação inicia projeto piloto em Pedagogia da Alternância em três escolas estaduais do campo

Proposta está sendo implementada para atender às mudanças que o Novo Ensino Médio traz A partir deste ano, em todo o país, unidades de ensino públicas e privadas que ofertam o 1º ano do Ensino Médio estão implementando o Novo Ensino Médio, proposta instituída pela lei federal 13.415/2017. Para atender às diferentes realidades de seus […]

04/05/2022
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Proposta está sendo implementada para atender às mudanças que o Novo Ensino Médio traz

A partir deste ano, em todo o país, unidades de ensino públicas e privadas que ofertam o 1º ano do Ensino Médio estão implementando o Novo Ensino Médio, proposta instituída pela lei federal 13.415/2017. Para atender às diferentes realidades de seus estudantes, em Minas Gerais, três escolas estaduais do Campo participam de um projeto piloto em Pedagogia da Alternância.

O objetivo da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) é que essas unidades de ensino possam ofertar o Currículo Referência de Minas Gerais para os alunos do ensino médio, desenvolver o protagonismo juvenil, estratégias de nivelamento de aprendizagem e introduzir assuntos de interesse local que contribuam para aprendizagem do estudante, sempre respeitando as características da escolas do campo. Participam do projeto piloto as Escolas Estadual Santa Teresa, no município de Esmeraldas; Escola Estadual Carlos Henrique Ribeiro dos Santos, em Goianá, e Escola Estadual de Brejo São Caetano do Japuré, em Manga.

A coordenadora da Educação Escolar Indígena, do Campo e Quilombola, da SEE/MG, Naiane Dias Nunes, destaca a importância da proposta. “Esse projeto piloto é importante para a política pública da Educação para os povos do campo, ele faz parte da implementação da Educação do Campo nas escolas estaduais, sendo uma construção de ensino que tem como intenção levar em conta o contexto de vivência social, histórica e cultural do estudante de acordo com a realidade comunitária e territorial”.

A ideia é que futuramente, as escolas que ofertam Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação Escolar Quilombola possam fazer a opção pela oferta da Pedagogia da Alternância.

Pedagogia da Alternância
A Pedagogia da Alternância é um sistema educativo que nasceu em meados da década de 1930, no interior da França, com a criação das primeiras Maisons Familiales Rurales (Casas Familiares Rurais), mais conhecidas no Brasil como Escolas Famílias Agrícolas (EFA) e Casas Familiares Rurais (CFR). Essa proposta pedagógica contempla escola, família e comunidade nos processos formativos do estudante.

Essa Pedagogia apresenta uma proposta formativa própria e apropriada já reconhecida pelos movimentos que representam os povos do campo, indígenas e quilombolas. Ela favorece uma educação crítica e emancipatória dos estudantes ao mesmo tempo que fortifica os vínculos com os territórios de suas comunidades.

A formação desenvolvida por meio da alternância além de estar integrada com instrumentos pedagógicos, também articula e integra dois espaços e tempos formativos diferentes: o Tempo Escola (TE), que consiste no período de aulas na escola articulado entre estudo, pesquisa e propostas de intervenção; e o Tempo Comunidade (TC), que é o período de vivência na comunidade, no qual ocorrem as pesquisas de estudos, realização de experimentos, trabalho coletivo, entre outros.

Na prática
A Escola Estadual de Brejo São Caetano do Japuré, no Povoado Brejo São Caetano, localizada no município de Manga, é uma das unidades de ensino que participam do projeto piloto. A diretora, Kézia Possidônio Silva Almeida, ressalta a importância da proposta para a realidade dos alunos. “Aplicar o Novo Ensino Médio atendendo a realidade da escola do campo é muito importante. Estamos bastante animados com a proposta. A nossa escola é do campo e quilombola essa prática ajuda nossos alunos a ter mais conhecimento para aplicar no local onde vivem. O conhecimento científico é voltado para a sua comunidade e cultura”.

A gestora revela ainda como a Pedagogia da Alternância está sendo implementada na prática. “No Tempo comunidade o trabalho é feito de maneira interdisciplinar, com instrumentos pedagógicos. Através de pesquisas, visitas e registros, eles aplicam o conteúdo visto no Tempo Escola na prática. Quando retornam para a sala de aula tem um momento que explanam tudo que exploraram no Tempo Comunidade. Ou seja, aprendem na prática e quando voltam socializam o que vivenciaram”, conta Kézia.

Kézia, conta ainda que mesmo no Tempo Comunidade, os estudantes têm o acompanhamento dos professores. “No Tempo Comunidade é muito importante a participação da família. Mas em momento nenhum os alunos deixam de ser acompanhados pelos professores. Os educadores ficam na escola para fazer o atendimento necessário”.

A professora de Geografia, Mariana Cordeiro Lucena, diz estar feliz com a proposta. “Abraçamos a ideia e estamos seguindo firme”, afirma. A educadora destaca que está precisando rever sua metodologia de trabalho para a implementação da proposta. “Estamos
nos reinventando e buscando planejar as atividades nesse sentido de contemplar o local onde os alunos vivem. É relacionar mesmo a vivência de sala de aula com o dia a dia e a cultura”, finaliza.

É justamente essa oportunidade de poder associar ainda mais o conteúdo aprendido em sala de aula à realidade que agrada o estudante do 1º ano do ensino médio, João Pedro Possidônio Ferreira Júnior. “Vai nos ajudar a conhecer ainda mais a comunidade. Vamos poder vivenciar na prática o que é passado pelos professores”.

Novo Ensino Médio
Um dos objetivos de todas essas mudanças é tornar esta etapa de ensino mais atraente e condizente com a realidade dos jovens, promovendo, assim, uma aprendizagem mais significativa aos alunos do Ensino Médio e colaborando para diminuição da evasão na etapa.
O Novo Ensino Médio foi instituído pela lei federal 13.415/2017, que faz alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Em Minas Gerais, as mudanças têm como documento norteador o Currículo Referência de Minas Gerais do Ensino Médio.

A implementação da proposta acontecerá de forma gradual. Em 2022, o Novo Ensino Médio será realidade nas escolas que ofertam o 1º ano; em 2023, nas turmas do 1º e 2º ano; e em 2024, nas de 1º, 2º e 3º.