Programa Miguilim chega às escolas de aldeias indígenas de Minas Gerais

Piloto é lançado na região de Itabira, com capacitação de profissionais da saúde e educação escolar indígena

22/05/2025
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O Programa Miguilim, que leva triagens visuais e auditivas a estudantes da rede pública, começou a ser implantado em escolas indígenas de Minas Gerais. A iniciativa do Governo de Minas, inspirada no personagem Miguilim de Guimarães Rosa que descobre um novo mundo ao receber seus primeiros óculos, terá piloto na região de Itabira, abrangendo os municípios de Carmésia e Guanhães.

Em parceria, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) realizaram, nos dias 20 e 21/5, visita técnica em Carmésia, região de Itabira, para implantação do piloto do Programa Miguilim – Saúde Ocular nas Escolas Indígenas, contemplando ainda a cidade de Guanhães. Nestes municípios, estão previstos atendimentos de 211 estudantes indígenas de 5 a 18 anos.

O trabalho acontece em ações conjuntas da SES-MG, SEE-MG, Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e lideranças, com apoio da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira e Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Guanhães. Até 2026, o programa estará em todas as escolas indígenas de Minas Gerais

Segundo a subsecretária de Redes de Atenção à Saúde da SES-MG, Camila Castro, o programa já passou por todo o estado com ações nas escolas.“Vamos fortalecer essas ações nas escolas indígenas, falando com lideranças, secretarias municipais de Educação e de Saúde”, diz.

A analista educacional da SEE-MG, Sílvia Moraes, lembra que dificuldades oculares atrapalham o aprendizado. “O piloto foi pensado para o estudante indígena”, diz a analista, reforçando a parceria entre Saúde e Educação em prol dos povos originários mineiros.

Capacitação

Durante a visita de 21/5, na Escola Estadual Bacumuxá – aldeia Pataxó, ocorre a capacitação de profissionais de saúde e educação escolar indígena de Carmésia e Guanhães. A ideia é treiná-los para detectar necessidades em relação à visão e audição, fundamentais para um bom aprendizado.

Andressa Duarte, referência técnica da Saúde Indígena da GRS Itabira, diz que o programa deve diminuir desigualdades de assistência à saúde dos povos originários. Segundo ela, não há diferença no atendimento a indígenas e estudantes em geral no Programa Miguilim, mas é preciso considerar as especificidades dessas populações.

“Há desafios culturais e linguísticos”, diz a referência, lembrando a importância da capacitação de profissionais que vão atuar nas aldeias.

Programa Miguilim

Das páginas de Guimarães Rosa veio a inspiração para o nome do programa. Miguilim, um menino do sertão, não entendia o universo dos adultos. Quando ganha uns óculos, começa a ver um mundo diferente, descrevendo tudo de forma intensa, cheia de impressões que antes desconhecia.

O programa visa garantir a saúde visual e auditiva dos estudantes da rede pública do estado, promovendo triagens em escolas, encaminhando alunos ao atendimento especializado. Além de fornecer óculos e aparelhos auditivos, o programa paga consultas especializadas e exames complementares, detectando precocemente as necessidades de crianças e adolescentes. Uma realidade que está chegando também aos estudantes indígenas de Minas.